A ciência no Brasil é frequentemente definida pela palavra “resiliência”. Assim, mesmo com cortes orçamentários, desmonte das instituições públicas de fomento e desafios no mundo acadêmico, a produção científica no país mantém um bom rendimento. No entanto, segundo Hernan Chaimovich, Professor Emérito do Instituto de Química da USP, essa resiliência tem um limite .
Queda na Produção Científica
Um relatório da revista Elsevier-Bori de 2023 analisou 51 países que publicaram mais de 10 mil artigos e, pela primeira vez, o Brasil apresentou uma queda de 7,4% na produção científica em 2022 em comparação ao ano anterior .
Financiamento da Ciência no Brasil
A ciência brasileira é majoritariamente produzida nas universidades (responsáveis por cerca de 90% da produção científica) e financiada por órgãos governamentais como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Além disso, as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) estaduais também desempenham um papel importante. Outras fontes de financiamento incluem orçamentos das próprias universidades e, em raros casos, parcerias com empresas, como a Farmanguinhos/Fiocruz .
Desafios de Inovação Tecnológica
Devido à dependência das instituições de pesquisa em relação aos órgãos governamentais e ao baixo financiamento, o Brasil é um dos países com alta produção científica, mas pouca inovação tecnológica. Por certo, isso exige uma grande capacidade de adaptação dos cientistas brasileiros, muitas vezes resumida pelo termo “jeitinho brasileiro”. Este conceito refere-se à habilidade cultural de resolver problemas de maneira simples e de baixo custo, exemplificado pelo método “faça você mesmo” (do-it-yourself) destacado pelo professor Gustavo Menezes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) .
Potencial e Necessidade de Investimento
Esses fatores mostram o grande potencial da ciência no Brasil, mas também destacam a necessidade crucial de investimento para impulsionar a ciência e tecnologia e evitar a “fuga de cérebros”. Portanto, investimentos adequados são essenciais para fornecer oportunidades e reconhecimento financeiro aos cientistas brasileiros.
Para maiores informações, consulte:
- Escobar, H. Dados mostram que ciência brasileira é resiliente, mas está no limite. Jornal da USP. (2021).
- Garcia, R. Produção científica brasileira caiu 7,4% no ano passado, a maior queda entre 51 países. O Globo.(2023).
- Dudziak, E. Levantamento mostra quem financia a pesquisa no Brasil e na USP. Jornal da USP. (2018).
- Vieira, D. Farmanguinhos/Fiocruz assina acordo de parceria com a Boehringer Ingelheim para genérico que trata diabetes e insuficiência cardíaca. Boehringer Ingelheim. (2024).
- Ravindran, S. How DIY technologies are democratizing science. Nature. (2020).
- Torquatto, F. Professor da UFMG usa ‘jeitinho brasileiro’ de fazer ciência e é destacado pela ‘Nature’. G1.(2020).